quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Para sempre, Vergílio Ferreira!

vergílio ferreira
Vergílio Ferreira nasceu há oitenta e nove anos, na Serra da Estrela.
Não conheço profundamente a sua obra, o que me leva a referir apenas a sua importância nas letras contemporâneas deste "cantinho à beira-mar plantado".
Nas não muitas páginas que li dos seus romances, senti sempre uma solidão imensa, provavelmente a sua.
Lembro-me de Vergílio Ferreira vivo, mas também tenho a ideia de que não era muito visível. Um escritor raramente é um homem mundano, por muito que para isso surjam e se forcem ocasiões mil. A própria escrita é um acto solitário, que se reproduz tanto melhor quantas as solidões o forem de facto.
Quero, mesmo confessando a minha ignorância quase absoluta, homenagear o escritor de Para Sempre, que tenho aqui ao meu lado, numa edição comemorativa dos cinquenta anos da vida literária, enriquecida com o talento de Júlio Resende.
a para sempre
É um dos tais livros que é bonito, de qualquer ponto de vista!
Recorro à Laura, a uma passagem que ela deixou na sua aconchegada sala-de-visitas beirense:
“Tenho de. O pequeno intervalo entre a minha disponibilidade e a pequena tarefa a realizar. É o meu futuro. Reduzido minúsculo. Não olhes mais longe. Agora o teu futuro é o pequeno passo que dês para fechar as janelas, para abrir as lojas. Agora a tua vida é o instante em que vives. Nada mais, nada mais, mas não te lamentes. Sê inteiro na dignidade de ti. [...]”
b para sempre
(Às vezes desenvolve-se um gosto pela solidão, por essa mesma razão: é muito mais produtiva para quem pensa e para quem escreve.)

3 comentários:

Anónimo disse...

É um livro lindo. Adorei lê-lo, devagar, saboreando as palavras, as frases, as ideias.
Madalena, muito obrigada pela referência. Beijinhos beirenses

Anónimo disse...

Madalena
Esqueci-me de dizer: a edição do meu "Para Sempre" não é tão chunguila. É assim que se diz?
Beijinhos

Anónimo disse...

Tens razão, a solidão é muito mais produtiva para quem pensa e para quem escreve. Talvez seja essa a razão da minha ausência de queda para a dita. Só à noite, bem noite gosto de escrever e tudo me sai mais facimente. Infelizmente as aulas das 8h30 impedem-me esse gozo.
Conheci Vergílio Ferreira, pessoa não muito simpática, de poucas conversas, o que contrastava com a nora que na altura era a Cecília, filha do Prof. Joel Serrão e que tinha tanto de exuberante na sua simpatia quanto de bonita.
Li "Aparição" e para quem conhece Évora, durante a leitura deambula pelas ruas, reconhece as personagens. Acho que os seus livros não são fáceis, para mim que sou uma DEF cultural.