Se bem me lembro...
Não passou na RTP-Memória, mas anda por aí, nos manuais de Língua Portuguesa, um texto da autoria deste comunicador de memórias, Vitorino Nemésio.
É a história de dois amigos. Um quer vencer na vida com a força das letras, ter um canudo e ser doutor. O outro, "pedaço de mariola", "cabeça de boga" quer viver e ser feliz.
(Ser feliz é argumento de peso, mas quando a toca a nós mesmos ou a pedaços de nós mesmos, achamos que afinal, umas letritas até vêm a calhar para sossegar os nossos medos de futuro...)
Voltemos aos dois amigos: fizeram juntos o exame da quarta classe.
(Eu também!)
O Mateus passou com distinção; o Abílio, com um humilhado suficiente. Os meninos ficaram os dois felizes. Um, porque podia assim prosseguir os estudos; o outro estava duplamente feliz: por si próprio, porque os podia largar de vez e pelo outro, pois sabia a importância destas coisas para o amigo.
(-Ó Mateus, ainda bem!
E foi nos olhos dele que eu me senti distinto.)
Noutras voltas da vida a distinção mudaria de dono!
(A mim parecia-me, porém, que uma coisa qualquer estava a tornar agora o nosso Abílio distinto e a mim suficiente...)
Esta história sempre bailou no meu espírito como história orientadora de vida, porque me ensinou que para muitas crianças "há mais vida, para além dos livros", como agora se diz, modernamente, Alegremente...
Quando a "minha encomendinha" , na terceira classe, disse um dia que não era preciso estudar e que guardava os livros para o futuro, devia ter percebido logo que estava perante um caso destes, de distinção na vida.
Percebendo ou não, percebendo umas vezes melhor outras menos bem,lá fui insistindo, tendo fé, esperando, acreditando. Sobretudo acreditando que estava a fazer o melhor que sabia, já que o Freud me mandou dizer pela Ana que "fizesse como fizesse, de qualquer maneira estava mal", o que me tranquilizou bastante.
(Errar à vontade é um luxo que só o Freud podia inventar!)
Mas o "dia" chegou: missão cumprida!
Obrigada, filho!
As tuas "distinções" na vida é que te vão ajudar. Essas é que são as tuas competências. Essas é que nenhuma escola, nenhuma universidade te pode dar e muito menos tirar. É dessas que eu me orgulho.
O resto... foi o meu papel!
7 comentários:
Ler este post é ter a certeza que "uma missão" foi cumprida. Com distinção. E ele nem precisa de ler o post (mas que sim, que sim!!) para sabê-lo, ele tem na carne e na memória os carimbos que tu porfiaste em colocar, com o mesmo carinho com que aqui escreveste e eu me comovi. Porque gostava de um dia poder fazer um post assim, três, e tenho receio - muito! - de não saber escrever nenhum.
Madalena, que bom ter vindo cá logo de manhã!
Um abraço,
Emília.
Comovente mesmo, como disse o Carlos Gil!
Beijo, mãe Madalena.
Já tinha dado os parabéns, mas agora com um texto tão bonito, tenho que dizer outra vez: PARABÉNS!
Muitos beijinhos
Parabéns ao Teu sempre "filhote" e à mãe que sempre foste. Docemente, foste isnsistindo, sem molestar e sem privar o "filhote" das experiências que ele achou serem úteis para o seu projecto de vida. Foste GRANDE por saberes respeitar e aceitar essa opção.
Parabéns aos dois... três...quatro, pronto à família!
Boa SORTE, também é precisa.
Lindo como sempre.
PARABÉNS ao filhote.
Parabéns à família.
Luisa
Na teia do seu escrever tão...metafórico, só a Mariazinha me deslindou o enredo. Como fico contente com o seu contentamento. Tudo de bom para ele, que ,por acréscimo será para si.
Carvalho
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