sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Milhões de mentiras

O Ministério da Educação escolheu o dia de hoje para divulgar números que têm por objectivo atiçar a opinião pública contra os professores. Nem era preciso dar-se a esse trabalho! Mas o facto de o fazer, pode ser um sinal. Quem sabe? Quem não deve não teme!
Alunos perdem em média três aulas por semana
São três as aulas que cada aluno em média perde por semana, revela um estudo dos serviços de estatística do Ministério da Educação, ainda não terminado. Num universo de 104 mil professores houve 7,5 milhões de aulas que não foram dadas.

noticiou a TSF, logo de manhã.
Acrescenta-se: Neste estudo, o Ministério pretende apurar as faltas imprevisíveis, embora legais, excluindo as licenças de parto, maternidade, bem como licenças sem vencimento e de curta duração para efeitos de formação profissional.
As licenças de parto? Os professores são substituídos. Não pela escola, mas na "fonte", na DGRHE. A que propósito é que são referidas como fatia a excluir? E já foram excluídas? Ou ainda se encontram nestes sete milhões e meio?
Na minha escola, no meu grupo, há um docente destacado há mais de quinze anos, algures no Parlamento Europeu. Presumo que também já tenham descontado essas faltas, uma vez que, todos os anos lectivos, há uma colocação de um professor contratado para esse horário.
Descontando ainda as licenças sem vencimento e a formação, nestes sete milhões e meio, bem como os artigos cento e dois, presumo, que também não podem estar contabilizados, pois dizem respeito ao direito ao gozo de férias, resta-nos a doença e o luto!
Os números são uma atracção fatal.
A partir da próxima semana as aulas de substituição vão passar a ser numeradas e as faltas aos alunos passarão a ser marcadas, como se de uma aula curricular, dada pelo professor curricular se tratasse...
Quanto a condições... nem vale a pena falar!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mada, creio que estamos a viver um período de desorganização generalizda.
Agarram-se ao que podem para atiçarem a comuniação social, sedenta de NOTÍCIAS, contra os professores, os causadores da situação caótica do país e do insucesso dos alunos perante os seus pares europeus. E se pensassem em reformular os programas e apetrechar as escolas?
Quem dá aulas há tanto tempo como eu, tem acompanhado o facilitismo e o empobrecimento dos currículos. Bastou-me ter 3 filhos com diferenças de 4 anos de idade. Penso que se apresentasse um teste da minha primeira filha, de LP, Mat ou Ing a um aluno do 9º ano reprovava, perdão, fazia o favor de permanecer mais uma ano na escola, sim porque a palavra reprovação não cai bem, vai ser banida. Reprovados estamos nós, condenados a permanecer "ad eternum" nesta bagunçada.

Dinamene disse...

Madalena, vi esta reflexão sobre Ensino e Educação em http://nocturnocomgatos.weblog.com.pt/arquivo/2005_11.html#214796#more
que me pareceu muito interessante.
Beijo, o bode expiatório há-de passar para outro sector.