sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006
Praias, mares, perigos, monstros de medo e de coragem
Não foi exactamente a esta praia que chegou o nosso herói do mar, Bartolomeu Dias, a 3 de Fevereiro de 1488. Mas não deve ter sido longe deste lugar gravado na objectiva de um turista de hoje, que por portas travessas me veio parar às mãos, que é como quem diz ao endereço electrónico. Obrigada, priminha!
Foi a Mossel Bay, que Bartolomeu, o marinheiro, desembarcou, na esperança de encontrar neste sítio tão aprazível, o repouso e a reposição da reserva de água.
Tornou-se assim o primeiro a chegar tão longe na rota dos mares e das terras do sul.
À distância dos séculos ainda nos chega a glória na Mensagem de Pessoa.
O MOSTRENGO
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Já soube este poema de cór!
Beijos coloridos e arrumadinhos por cores, bem embaladinhos para não perderem o gosto!
;-)
Madalena, vou contar-te 1 história: recitei isto, em pequeno, depois de alguns versos de Camões, para o M. Caetano. Tinhas umas barbas coladas com Patex, porque me estavam sempre a cair.
Depois é que foi o bom e o bonito para as voltar a tirar. Nessa noite, dormi com elas. Ficaram "de molho", as lágrimas eram muitas.
Bjo.
Enviar um comentário