"Acontece algo de semelhante com os objectos que guardo em minha casa. Há pouco utilizei a palavra janela; poderia dizer portal. São objectos de que me sirvo para chamar não espíritos, mas lugares, e também momentos; certos instantes em que fui absolutamente feliz.
A grande arte da vida é saber convocar esses instantes, esses lugares, nos lugares e nos instantes em que nos falha a fé ou a esperança, e o desânimo, que é a ferrugem da alma, nos aproxima violentamente da velhice." Faíza Hayat, na Xis.
Eu convoco, para todo o sempre, o quintal da minha avó.
O quintal da minha avó tinha abacates, goiabas, papaias, bananas, laranjas, tangerinas, romãs, limões de casca grossa e amarela a pedir sal, mangas, couves, alfaces, galinhas, patos, coelhos, dois tanques, cordas para estender a roupa e "coradouros", muito espaço e um baloiço. Havia fé e havia esperança. Se houvesse maçãs, eu acreditaria ter sido esta a primeira morada de Adão e Eva.
Os paraísos são muito efémeros. Nunca chegam a durar uma vida. Mas os efeitos resistem, como se pode ler hoje na Xis!
2 comentários:
Que lindo Madalena. É verdadeiramente a arte de saber viver.
E lembrei-me do lindo piri... (como se chama o arbusto(?) que dá o piripiri?), que enfeitava o quintal dos meus pais.
Beijinhos e um bom Domingo
Aquele barco encalhado, na praia junto ao farol, a areia e as águas quentes, os baldes e as pás... nunca mais se é feliz assim, mas ainda bem que já se foi! É o nosso banco de memória, reservas e economias para os tempos difíceis. Lindo. Tu, sempre. Beijinhos, semana feliz
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