quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

17 de Janeiro de 1995

Morria Torga, o mais telúrico dos escritores portugueses! A procura da verdade, ou pelo menos de uma verdade que lhe adoçasse a existência, ter-lhe-á ensombrado sempre os dias todos. O seu último poema, publicado no último diário em 1993, chama-se "Requiem por Mim" e começa assim:
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim,
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.

O espelho nunca lhe devolveu a sua própria imagem adornada de famas vãs. Viveu como quem cumpre um trajecto rumo a um calvário desnecessário, mas, nem por isso, possível de ser afastado, ou mudado o rumo...
Deixo aqui a lembrança do poeta que aprendi a ler, que admirei e admiro, não só pelos versos ou pelas prosas, mas também pela lição que é o conhecimento da sua vida, que leio nos Diários e na Criação do Mundo.
Deixo-lhe aqui as mimosas que crescem no jardim da escola do Sr Botelho, cumprindo o seu desejo de "florir o futuro".
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3 comentários:

Pitucha disse...

E nunca ganhou o Nobel!
Beijos

Anónimo disse...

Creio que ele gostaria de ter lido isto que aqui escreveste!
Um abraço,
Emília.

Anónimo disse...

Madalena,
Sabes que ele foi um apaixonado pelo Gerês, onde passou muitas das férias de Verão. Há 2 anos, a Câmara de Terras do Bouro, fez-lhe uma homenagem muito bonita, da qual constou também a edição de um livro, com trechos das obras em que este espaço de Portugal era referido. Quando lhes pedimos o envio de um exemplar, pensando naturalmente em pagá-lo tiveram a gentileza de o oferecer.
Este Verão li "Os Bichos" que nunca tinha lido e achei uma delícia.
E as mimosas...na Mata do Turio (Cantelães-Veira do Minho) portanto a minha aldeia, começam também a florir lá para Fevereiro e ao anoitecer fica um cheirinho no ar tão doce!
Beijinhos e bom-fim-de-semana.
(Vou acender a lareira, que a noite promete ser fria....)
M.Dores