domingo, 27 de janeiro de 2008

E a gente acorde finalmente em Portugal

Foi este verso de Manuel Alegre que me acordou dos reles pesadelos que adamastores de trazer por casa nos infligem, estragando-nos não só as noites ou os dias, mas sim a capacidade de sonhar sempre sempre um Mundo Melhor. Eu não quero deixar de sonhar um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário, mais azul ou mais verde... Enfim, com mais cor! Seja ela qual for a cor do nosso contentamento. Eu quero sonhar!
E o poeta, que nos empresta o sonho nas suas palavras, para nos dar força de seguir em frente, ganhou um prémio.
(E eu, tão distraída que ando, nem percebi. Só ouvi o que não devo ouvir: desgraças!)
De agora em diante vou virar os meus sentidos para a poesia. Redentora e salvadora. Sim. É isso que eu sinto e ainda posso dizê-lo! E ainda posso dizê-lo com ganas de liberdade.
E leio...

Trago em mim uma nau S. Gabriel.
De verso em verso vai e não sossega
sobre os dias navega à flor da pele
trago em mim uma nau que nunca chega.

E um súbito acordar é um rumor
um ficar distraído e partir para
os teus olhos que ficam além da cor.
Trago em mim uma nau que nunca pára.

Trago em mim uma nau que me carrega
como se eu próprio fosse o Oriente
trago em mim uma nau que não sossega.

Ela só deixa um rastro no papel
e o que ela busca é sempre o que é ausente.
Trago em mim uma nau S. Gabriel.


Imagem daqui

3 comentários:

Pitucha disse...

E é um poeta que merece.
Beijos

125_azul disse...

Sim, merecido. Porque nos faz pensar, nos deixa a sonhar porque até no nome tem poesia. Bom dia Madalena!

luis manuel disse...

Diario XV...com firme disposição. Miguel Torga... custe o custar, enfrentamos o começo, que desejamos merecer.
Simples as palavras dele... para as fazer nossas.
A capacidade de sonhar, começa com a ternura do escrito de Batista Bastos. E sem a chatice de passar na vida imune. Afinal, poderemos viver sem conhecer a dor, sentir a angústia, a incerteza ?
Até aqueles, "loucos" pela aventura, sonharam "passear" por areias que outros, em ameaças de loucura verdadeira os obrigarama a fazer marcha-atrás.
Está escrito... no papel. O papel determina as acções. Quem souber ler o papel, seguirá o rumo certo. Caso contrário, terá que ler outro papel... (mais um...!) e sofrer as penas e castigos. Raio de papel que não larga quem dele não precisa !
Mas... papel... papel é para os poetas. É para nele lermos as suas viagens, navegarmos nas naus que nos levam ao sonho (aqui novamente, esse valioso bem).
"E com ganas de liberdade"....
Dia de Reis... parabéns...
Cinquenta e seis...