quarta-feira, 5 de março de 2008

Para mais tarde... sorrir!

A aula começou e a Ana chegou, esbaforida, com o mal de amor gravado nas olheiras. Trazia pressas que não eram de aprender nem verbos nem fracções. Atirou a mochila para cima da carteira e sentou-se, junto à janela.
Do lado de lá do vidro, apareceu, magicamente, uma "mão cheia" de meninos quase rapazes que, indiferentes às regras, às campainhas, à presença das professoras na sala de aula, "puxavam" a Ana para o mundo lá-fora, com gestos e palavras com registos de urgências invisíveis aos olhos de quem já cresceu há muito tempo, muito tempo mesmo.
Uma das professoras saiu e indagou as razões:
- Ó Setora, eu vou explicar!- começou um, cheio da boa vontade de quem não pertence ao problema mas procura a solução. É assim: a Ana namora com este rapaz- pôs a mãos no peito do outro, indo assim direito à localização do amor, num corpo ainda pequeno- mas andaram a dizer que ela afinal namora com este.
O primeiro não conseguia esconder a raiva da possível traição. O segundo arvorava a indiferença de quem não tinha entrado na história, senão para incomodar alguém, esvaziando assim o seu próprio incómodo de crescer.
Era realmente um assunto muito grave e muito urgente, mas uma aula é uma aula e os futuros "crescidos" teriam de esperar pelo intervalo...
É que o amor dói. Dói mesmo! E crescer também dói muito.
Imagem daqui.
A Ana é um nome inventado!

1 comentário:

calamity jane disse...

Ah! Como são belos e urgentes os primeiros amores...