segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Recado ao Zeca

Pois é, Zeca. Não sei se morreste há vinte anos, há vinte dias, há mais ou menos tempo.
Sabes?, as tuas canções atravessadas de pensamento único, feito de um sentido de liberdade universal, dissolvem o tempo. Não sentimos o tempo, que ele está cheio, continua cheio, das tuas canções, da tua voz, da tua presença mais ou menos jovem, daquele teu ar inocente, indeciso entre a alegria de cantar e a responsabilidade de cantar.
Vejo hoje, nos registos dos dias, que partiste há vinte e dois anos.
Acho que não Zeca!
Acho que continuas por aqui, a ensinar, a dar-nos as verdadeiras lições da tua geografia da condição humana: nasce-se menino, com um certo destino, como o menino de Xepangara.
Essa foi a geografia que tu aprendeste na vida.
Os teus olhos olharam sempre de frente os meninos nascidos aquém dos direitos. Não só os meninos negros da África que também foi tua, pelo direito próprio de quem ama a liberdade, para além da morte, para além da vida.
"Quero-te mais do que à morte
Quero-te mais do que à vida"
Presença das formigas
Os teus meninos de oiro estão todos contigo a celebrar esse hino à liberdade!

4 comentários:

Anónimo disse...

Tão bonitos estes teus três últimos 'posts'! Tão intensos os dois últimos no Tributo e na Ternura, Mad'!
Um beijo,
IO

Anónimo disse...

O que seria de nós sem os afectos Madalena?
Obrigada.
Emília

Anónimo disse...

Com o risco de me tornar repetitiva, vou dizer de novo, e outra vez ainda: Gosto de ti, Madá!

Brunorix disse...

Como é habitual em todos os 23 de Fevereiro desde que nasci, nesse dia eu sentia-me especial.

A grande diferença é que nesse ano o meu Pai juntava ao seu costumeiro orgulho de progenitor uma tristeza vincada no rosto. Na altura fiquei um bocadinho sentido pq aquele dia era meu e não percebia que um "tal" de Zeca viesse estragar o meu protagonismo... Hoje percebo os rostos vincados e as marcas sentidas. Afinal, A morte saira à rua num dia assim ... meu!