Alberto Gonçalves,
"opinionista" do Diário de Notícias, escreveu há dias, a propósito da
greve dos professores, um artigo com o título "Ninguém ensina os
professores?". Não é pelo título que me sinto ofendida. É pelo conteúdo
que considero ofensivo, cheio de insinuações que constituem um grave insulto a
quem fez desta profissão uma vida como muitos dos que vão ler o artigo de
opinião.
E tudo isto por causa dos públicos
testemunhos de alguns notáveis da nossa sociedade dita civil, não-professores e
sem qualquer ligação directa à profissão, vilipendiando os cidadãos
livres que exercem, com a mesma liberdade do jornalista, o seu direito de
dizer, escrever, falar sobre a causa dos professores.
( O meu agradecimento a estes!)
Tenta rebaixá-los, tratando-os por
"filhotes de....", e, pior ainda, apelidando este apoio de
"sabujismo".
(Repugnante!)
Este senhor
ultrapassa o sentido da dignidade humana e da dignidade profissional dos
professores. Diz que levou reguadas, por causa das contas, e que quem o ensinou
a ler e a escrever foram os pais e os avós.
Isto só prova que a
condição de professor é transversal à relação entre quem ensina e quem aprende
e que isso dignifica quem põe o gosto e o saber, dia após dia, ano após ano, ao
serviço de um outro, o aluno?
Pena que
ninguém o tenha ensinado a "ser". É algo que a que os professores
também dão muita atenção porque não queremos alunos que se possam confundir com
sacos de conhecimentos. Queremos pessoas inteiras que trabalham, elas mesmo, à
luz da sua individualidade, os conhecimentos que adquirem.
Mas a maior revolta que eu senti foi ao ler o
que diz sobre a tarefa de vigiar exames que poderia ficar a cargo de uma
máquina ou de um qualquer funcionário da escola, remunerado com salário mínimo.
Que desrespeito! Que insensibilidade!
É este pensamento que domina os
poderosos!
Se fosse um filho meu ou um dos meus alunos a
escrever este artigo eu estaria muito mais infeliz.
Felizmente, não é!
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