Tenho memórias muito vivas da minha infância
e até dos desejos e sonhos de menina.
Algumas das "certezas" ainda hoje
me faz em sorrir ...
Antes dos seis anos, acreditava que
quando atingisse essa idade maior, seria auto-suficiente.
Podia até casar e começar a vida de mãe de
família que era a minha ambição, tal como a Susaninha, amiga da Mafalda do
Quino, que muito recentemente celebrou 82 anos. Sofri uma enorme desilusão
quando, chegado o dia, não aconteceu nada. Não cresci magicamente os
centímetros todos que me faltavam para ser pelo menos da altura da minha mãe.
Passados uns meses, levaram-me para uma
escola Que experiência horrível! Que
rotina desgastante. E ainda por cima havia os castigos e eu, na primeira
classe, apanhei muitos. A professora, uma senhora muito respeitada na cidade de
Lourenço Marques era muito amiga do meu pai, mas a mim fez-me sofrer. Devo
confessar que hoje lhe dou valor. Ensinou-me o valor do castigo...
Eu até achava que já sabia ler! Ela não
acreditou em mim. Sofri uma humilhação tremenda.
Aprendi a apanhar os pedaços estilhaçados do
sonho! Aprendi que a vida tem um curso e não há volta a dar.
Agora queria continuar a dar a mão aos
meus filhos, para os salvar de todos os perigos.
Agora tenho netos e fico feliz por ser
esta sensação tão diferente da responsabilidade dos filhos. São a doce
sobremesa e prendem-me à vida pelo lado da brincadeira e do amor sem mais nada.
Só amor.
As crianças são os únicos seres que não
descriminam os mais velhos. Lambuzam-nos de beijos como se a nossa pele fosse
lisinha como a deles. Fazem-nos penteados como se os nossos cabelos fossem os
das bonecas.
Hoje a Joana queria pôr-me a chucha no Skipe.
Devia querer consolar-me já que, como ela diz : "A Madalena ti
dói-dói..."
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