domingo, 20 de julho de 2014

Memórias

Tenho memórias muito vivas da minha infância e até dos desejos e sonhos de menina.
Algumas das "certezas" ainda hoje me faz em sorrir ...
Antes dos seis anos, acreditava  que quando atingisse essa idade maior, seria auto-suficiente. 
Podia até casar e começar a vida de mãe de família que era a minha ambição, tal como a Susaninha, amiga da Mafalda do Quino, que muito recentemente celebrou 82 anos. Sofri uma enorme desilusão quando, chegado o dia, não aconteceu nada. Não cresci magicamente os centímetros todos que me faltavam para ser pelo menos da altura da minha mãe.
Passados uns meses, levaram-me para uma escola  Que experiência horrível! Que rotina desgastante. E ainda por cima havia os castigos e eu, na primeira classe, apanhei muitos. A professora, uma senhora muito respeitada na cidade de Lourenço Marques era muito amiga do meu pai, mas a mim fez-me sofrer. Devo confessar que hoje lhe dou valor. Ensinou-me o valor do castigo...
Eu até achava que já sabia ler! Ela não acreditou em mim. Sofri uma humilhação tremenda.
Aprendi a apanhar os pedaços estilhaçados do sonho! Aprendi que a vida tem um curso e não há volta a dar.
 Agora queria continuar a dar a mão aos meus filhos, para os salvar de todos os perigos.
 Agora tenho netos e fico feliz por ser esta sensação tão diferente da responsabilidade dos filhos. São a doce sobremesa e prendem-me à vida pelo lado da brincadeira e do amor sem mais nada. Só amor.
 As crianças são os únicos seres que não descriminam os mais velhos. Lambuzam-nos de beijos como se a nossa pele fosse lisinha como a deles. Fazem-nos penteados como se os nossos cabelos fossem os das bonecas.
Hoje a Joana queria pôr-me a chucha no Skipe. Devia querer consolar-me já que, como ela diz : "A  Madalena ti dói-dói..."

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