domingo, 21 de novembro de 2004

Tempos saloios, dourados e felizes

Se há um tempo para ser feliz, deve ser algures por aqui, entre os vinte e os quarenta.
A juventude nota-se bem e a sabedoria começa a fazer-se sentir.
Foi em terras saloias que passei esses tempos.
Costumo dizer que alguma vez nas vidas fui saloia, lavadeira de Caneças ou coisa assim. Não será em vão que esta região é uma das que eu gosto mais em Portugal.
Em Odivelas passei essas duas décadas de vida. Foi aí que me aconteceram as coisas mais inenarravelmente felizes, como o nascimento dos meus dois filhos.
Aí comecei uma vida profissional e aí ficaram os meus anos de ouro dessa vida.
São inesquecíveis e irrepetíveis, até pela época que vivíamos. 1975,1976,1977 e po aí fora.
Pena é que Odivelas esteja tão ligada ao 7 e ao 36 da Carris, ao Metro e a outras politiquices e seja esquecido, ou pelo menos relegado para segundo plano, o seu património histórico e grastronómico.
Ele há Marmelada Branca! A receita é da última freira do Convento.


Ele há Bolos de Amor!


Ele há tabefes! E até há quem os mereça!


E ainda há as raivas e os esquecidos, que pelo seu aspecto devem consolar o apetite mais guloso,
Ele há um património histórico, do qual faz parte o Convento e todo o conjunto de histórias que sobre as suas origens se contam.

São boatos saloios, poderia ter dito D. Dinis à Santa Rainha, quando ela lhe perguntava o que ia fazer para tão longe.

4 comentários:

Carlos Gil disse...

Esse Colégio é da velha canção popular "As meninas de Odivelas..."? Se é, passei lá umas semanas no emprego mais estúpido que alguma vez tive, penso que em 1977.

molin disse...

Lisboa só podia mesmo ser a capital. Sempre pensei em Odivelas como qualquer outro lugar da cidade, como Xabregas, Miraflores, Pontinha ou coisa que o valha. Mas há sempre algo de especial que torna os lugares únicos: para a "minha nova" Odivelas foste tu, Madalena.

lique disse...

Que bom lembrares que Odivelas já pertence às "terras saloias"! E ires buscar o típico de uma região que todos vemos hoje como mais quase um dormitório de Lisboa. Beijinhos.

eduardo disse...

Bom dia, Madalena.
"Ide vê-las" nunca se esquece.
Engraçado como as nossas vidas se cruzaram. O meu primeiro filho (que é filha) nasceu por lá. Odivelas marcou o meu primeiro ano de casado, por lá joguei, por lá politicamente me afirmei (junto ao Convento ainda lá está um "grafitt" meu) e muitos caracóis saboreei.
No "Angelo das Arcadas". Se calhar cruzámo-nos...

É também onde repousa e descansa para sempre, o meu Pai.

Um beijo.