Se há um tempo para ser feliz, deve ser algures por aqui, entre os vinte e os quarenta.
A juventude nota-se bem e a sabedoria começa a fazer-se sentir.
Foi em terras saloias que passei esses tempos.
Costumo dizer que alguma vez nas vidas fui saloia, lavadeira de Caneças ou coisa assim. Não será em vão que esta região é uma das que eu gosto mais em Portugal.
Em Odivelas passei essas duas décadas de vida. Foi aí que me aconteceram as coisas mais inenarravelmente felizes, como o nascimento dos meus dois filhos.
Aí comecei uma vida profissional e aí ficaram os meus anos de ouro dessa vida.
São inesquecíveis e irrepetíveis, até pela época que vivíamos. 1975,1976,1977 e po aí fora.
Pena é que Odivelas esteja tão ligada ao 7 e ao 36 da Carris, ao Metro e a outras politiquices e seja esquecido, ou pelo menos relegado para segundo plano, o seu património histórico e grastronómico.
Ele há Marmelada Branca! A receita é da última freira do Convento.
Ele há Bolos de Amor!
Ele há tabefes! E até há quem os mereça!
E ainda há as raivas e os esquecidos, que pelo seu aspecto devem consolar o apetite mais guloso,
Ele há um património histórico, do qual faz parte o Convento e todo o conjunto de histórias que sobre as suas origens se contam.
São boatos saloios, poderia ter dito D. Dinis à Santa Rainha, quando ela lhe perguntava o que ia fazer para tão longe.
4 comentários:
Esse Colégio é da velha canção popular "As meninas de Odivelas..."? Se é, passei lá umas semanas no emprego mais estúpido que alguma vez tive, penso que em 1977.
Lisboa só podia mesmo ser a capital. Sempre pensei em Odivelas como qualquer outro lugar da cidade, como Xabregas, Miraflores, Pontinha ou coisa que o valha. Mas há sempre algo de especial que torna os lugares únicos: para a "minha nova" Odivelas foste tu, Madalena.
Que bom lembrares que Odivelas já pertence às "terras saloias"! E ires buscar o típico de uma região que todos vemos hoje como mais quase um dormitório de Lisboa. Beijinhos.
Bom dia, Madalena.
"Ide vê-las" nunca se esquece.
Engraçado como as nossas vidas se cruzaram. O meu primeiro filho (que é filha) nasceu por lá. Odivelas marcou o meu primeiro ano de casado, por lá joguei, por lá politicamente me afirmei (junto ao Convento ainda lá está um "grafitt" meu) e muitos caracóis saboreei.
No "Angelo das Arcadas". Se calhar cruzámo-nos...
É também onde repousa e descansa para sempre, o meu Pai.
Um beijo.
Enviar um comentário