PARTIDA PARA O CONTRATO
O rosto retrata a alma
amarfanhada pelo sofrimento
Nesta hora de pranto
vespertina e ensanguentada
Manuel
o seu amor
partiu para São. Tomé
para lá do mar
Até quando?
Além no horizonte repentinos
o sol e o barco
se afogam
o mar
escurecendo
o céu escurecendo a terra
e a alma de mulher
Não há luz
não há estrelas no céu escuro
Tudo na terra é sombra
Não há luz
Não há norte na alma da mulher
Negrura
Só negrura...
Agostinho Neto(Angola: 1922-1979)
3 comentários:
A vida tem grandes ironias... Eu trabalho em Lisboa na Rua com o nome deste poeta e nunca tinha lido um texto da sua autoria...
Agora já li e achei lindíssimo!
Beijinho Madalena!
Pena foi ele ter visdto a escuridão a permanecer no país cuja independência ele foi um dos responsáveis. Já agora, a qualidade da sua obra decai consideravelmente com a independência de Angola, dando origem ao vazio dos anos 80, só preenchido por esse grande lusófono Agualusa.
Celebrando a lusofonia... ainda temos traços que nos unem, apesar de tudo! beijinhos
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