terça-feira, 18 de julho de 2006

Ainda a Lusofonia

PARTIDA PARA O CONTRATO
O rosto retrata a alma
amarfanhada pelo sofrimento

Nesta hora de pranto
vespertina e ensanguentada
Manuel
o seu amor
partiu para São. Tomé
para lá do mar

Até quando?

Além no horizonte repentinos
o sol e o barco
se afogam
o mar
escurecendo
o céu escurecendo a terra
e a alma de mulher

Não há luz
não há estrelas no céu escuro
Tudo na terra é sombra

Não há luz
Não há norte na alma da mulher

Negrura
Só negrura...

Agostinho Neto(Angola: 1922-1979)

3 comentários:

Alexandre disse...

A vida tem grandes ironias... Eu trabalho em Lisboa na Rua com o nome deste poeta e nunca tinha lido um texto da sua autoria...

Agora já li e achei lindíssimo!

Beijinho Madalena!

magnuspetrus disse...

Pena foi ele ter visdto a escuridão a permanecer no país cuja independência ele foi um dos responsáveis. Já agora, a qualidade da sua obra decai consideravelmente com a independência de Angola, dando origem ao vazio dos anos 80, só preenchido por esse grande lusófono Agualusa.

125_azul disse...

Celebrando a lusofonia... ainda temos traços que nos unem, apesar de tudo! beijinhos