quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Os Dias da Rádio

Os Dias da Rádio foram todos os que vivi em Moçambique. Apetece começar assim: no princípio era a Rádio...
A Rádio é que nos informava. A Rádio é que nos distraía. A Rádio é que nos divertia.
Na imensa sala de jantar da casa da minha avó, onde havia uma mesa que dava para mais de dez pessoas, dois louceiros e um aparador, havia também um móvel para o aparelho de telefonia. E ali nos reuníamos para ouvir as cantigas ou o folhetim.
O meu fraco entendimento das coisas, que se agravou com o desenvolvimento dessas mesmas coisas, levava-me a imaginar pessoas do lado de lá. Se o Elvis cantava, para mim, era o Elvis, ele mesmo, que ia para dentro da caixinha mágica. Começou a não caber tanta gente no pouco espaço, mas isso não me causou qualquer angústia existencial. Deixei de pensar no assunto e comecei a escrever cartas à Tia Zita.
Ficava depois de ouvido colado, à espera que a Tia Zita acusasse a recepção da minha carta, do meu poema, fosse lá o que fosse. Até que um dia, a Tia Zita organizou um encontro para todos os sobrinhos e lá fomos todos ao Rádio Clube de Moçambique conhecer a pessoa que falava do lado de lá. E falava para nós!
rádio
Mais tarde, a Rádio que me fazia companhia, durante a noite, era a Rádio Ronga que dava muito Percy Sledge e Ottis Redding.
Estas eram as Noites da Rádio e o aparelho era já um invejável modelo tecnologicamente muito avançado, da marca "Telefunken". Ainda existe mas a sua função é mesmo de lembrete de boas memórias...
O Rádio Clube Português faz hoje 75 anos. Parabéns!
Estes são os primeiros sete segundos da vida desta estação!

6 comentários:

Alexandre disse...

Os meus avós cá em Lisboa tinham o rádio destes!!! Será que ainda existe lá por casa da minha avó?

Quando era muito pequeno lembro-me de achar "aquilo" muito estranho mas sempre me fascinou!

Bela recordação Madalena :)

Beijinho

Anónimo disse...

Lembro-me bem do ouvido do meu Pai colado ao rádio para ouvir as notícias da guerra... Que aborrecida que era a guerra. Se falava, apanhava!
Beijinhos

Anónimo disse...

Os dias da rádio, que nos fizeram! - todos diferentes, todos iguais. Beijo, uma que também dedicou o 'post' de hoje à rádio e a 'Estação B' era a melhor, digo eu: "This is LM Radio"...

Pitucha disse...

Nunca fui muito de ouvir rádio mas certos rádios são lindos (como o da tua foto).
Beijos

Anónimo disse...

Fui espreitar o artigo que escreveu relacionado com o RCM em Março e gostei muito. E depois a IO relembrou a música de abertura do programa da Tia Zita!...Sabe que também andei por lá? A Maria Adalgiza (Tia Zita) era um doce...tratava toda a gente com um carinho enorme. Era impossível passar por ela sem que nos abraçasse e nos desse um beijo. E cheguei a cantar no "Gente Nova ao Microfone" e depois no "cast da Rádio",com a Orquestra Ligeira do Maestro Artur Fonseca (o que criou "Uma casa Portuguesa" e o "Piri-piri"etc e Orquestra Típica com o Maestro António Gavina."Sou do tempo", embora mais nova (um nadica) das Irmãs Muge e da Natércia Barreto.
O meu marido foi professor (Geometria descritiva) da filha da Amélia Muge, aqui na Póvoa de Varzim. Foi tão giro quando descobrimos.
Bom, beijinho
M.Dores

Anónimo disse...

Xiiiiii!!! Isto é de mais para um coração "coca-cola"!
Da chuinguita para aqui... e depois ainda se espantam, certas pessoas que eu conheço, com a estranha "ligação" que todos nós mantemos. Foram coisas destas que nos moldaram assim.

Bem hajas, querida Madalena, pelos momentos que me fizeste reviver.

Um grande beijinho!